Por Anahi Ibarra
Uma boa comunicação, e o uso adequado da linguagem são ferramentas indispensáveis para o desempenho do administrador. Este pela natureza de sua função necessariamente deverá ser um bom orador, ou no mínimo saber expressar-se com clareza.
Por outro lado, as empresas atualmente sofrem grandes transformações decorrentes dos fenômenos da globalização e as inovações tecnológicas. Novos conceitos e culturas organizacionais estão constantemente sendo implantados. Frente a estes fatores as Relações Públicas da empresa é um assunto que deve ser observado com bastante cuidado por seus dirigentes.
Todos estes complexos universos requerem que o administrador tenha domínio sobre a linguagem, seja oral ou escrita. O administrador deve adequar sua linguagem a cada contexto social, onde quiser se expressar, comunicar, informar, idelizar campanhas publicitárias etc.
O uso da linguagem como elemento sociocultural, é objeto das mais variadas colocações. No filme My Fair Lady, por exemplo, um professor “transforma” uma moça da periferia em uma dama de sociedade, simplesmente ensinando-lhe o uso correto de seu idioma. Apesar do filme ser bastante antigo, este contexto não é muito distante da realidade atual. A língua é como um cartão de visitas, pode ser um diferencial na possibilidade de ascender na escala social (numa entrevista de emprego, numa redação para vestibular, etc.)
É justamente pela soma de todos estes fatores que o administrador deve dedicar maior atenção ao fenômeno linguistico. Atualmente cercada de polêmicos conceitos como o preconceito linguistico.
A pessoa que fala, lê ou escreve está imersa numa história, numa cultura, em diferentes grupos sociais nos quais exerce papeis diferenciados
As primeiras investigações acerca de estudos sociolinguísticos surgiram a partir de William Bright (1966) e Fishman (1972), os quais passaram a incorporar os aspectos sociais nas descrições linguísticas. Segundo estes autores, a dimensão desse estudo está condicionada a vários fatores sociais, com os quais a diversidade linguística se encontra relacionada, nas identidades sociais do emissor e receptor e na situação comunicativa. A nova área desse estudo, denominada sociolinguística, surge confusa e desprovida de um grande marco teórico.
Depois que o sociólogo Nildo Viana, apresentou a linguagem sobre uma ótica marxista, as inúmeras repercussões que tem alcançado, dividem oas opiniões. Para Viana a linguagem é um fenômeno social e está ligada ao processo de dominação, tal como, o sistema escolar, que é a fonte da “dominação lingüística”.
Para uns a língua portuguesa é falada por todas as camadas sociais do Brasil, e cada região tem sua peculiar forma de se expressar, dependendo de vertentes e influências culturais e lingüísticas que têm cada uma delas. Não pode se afirmar, por tanto, que exista uma única forma correta de falar português, considerando as suas variáveis como erradas.
Segundo Marcos Bagno:
Embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país — que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito –, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo. São essas graves diferenças de status social que explicam a existência, em nosso país, de um verdadeiro abismo lingüístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro — que são a maioria da nossa população — e os falantes da (suposta) variedade culta, em geral mal definida, que é a língua ensinada na escola. BAGNO (2002, p.16)
Como afirma Marcos Bagno em sua obra sobre Sociolinguística; “A língua de Eulália" uma linguagem diferente nem sempre pode ser considerada errada, a forma de linguagem utilizada em cada região pode ser explicada por fenômenos linguisticos, históricos, sociológicos e até mesmo psicológicos.
A língua portuguesa é uma língua viva, embora muitas vezes, sejam negadas, pela tradição educacional, as variedades existentes dentro desse fenômeno.
Para outros autores, no entanto, defendem a idéia que as regras para saber valorizarem uma trasngreção.
Historicamente, o português de Portugal passou de clássico a moderno, devido a transformações sociais, provenientes da ascensão da burguesia, a qual se tornou a nova classe prestigiada, impondo assim, sua maneira de falar às outras classes, formando com suas características lingüísticas o português moderno falado até hoje em Portugal. Já no Brasil, o português passou por processos de variação e mudanças diferentes dos que ocorreram no território original, mostrando desta forma que o português de Portugal é bem diferente do português do Brasil, pois este preserva traços gramaticais clássicos que até hoje se observa na fala.
Na atualidade muito se debate sobre diversos preconceitos, muitas minorias étnicas vão conquistando lentamente espaço, assuntos como gênero, livre escolha sexual, opções religiosas, diversidade étnica, etc. vão se tornando comum nas discussões entre as camadas sociais mais diversas. O preconceito lingüístico começa fazer parte nessas discussões.
A ciência deve estar a serviço de melhorias para humanidade, portanto, hoje em dia polêmicas discussões ganham espaço nos meios de comunicação, onde pesquisadores juntam esforços para informar, a fim de expandir ideologias que ajudem a que a sociedade seja tolerante e menos preconceituosa.
O administrador deve no entanto, aplicar a visão sistêmica também a línguagem, utilizando-se dela como uma ferramenta para alcançar seus objetivos. E saber em que momentos deve apropriar-se de determinados recursos que a linguagem oferece. É imprescindível apropriar-se do português padrão, em suas especificidades oral e escrita, para consequentemente romper quando necessário. Levando em consideração a diversidade de públicos ao que precisa se dirigir.